23 de dezembro de 1998, a chuva caía forte e os carros pareciam navegar sobre a Serra da Ararás.
Diego, jovem estudante de direito, aproveitava a noite como ninguém. Não tinha ido bem nos estudos naquele semestre; provavelmente seu pai não aceitaria tantas notas baixas e tomaria o carro que lhe dera a quatro semanas. Como não se conformava com a ideia, decidiu aproveitar a noite no intuito de esquecer os problemas. Bebida à vontade, garotas, música alta e muita diversão comandavam o ambiente por completo.
Não muito longe dali, Marcelo e Ana Maria viajavam com os três filhos: Morgana, Felipe e Valentina. Essa última era a caçula com três anos de idade. As crianças estavam de férias e Copacabana era o destino perfeito para duas semanas de tranquilidade. Valentina estava em sono profundo, dormia em sua cadeirinha, recém-comprada, somente para a viagem, os outros, cantavam alegres mesmo pela madrugada.
Como a viajem era longa e cansativa, Marcelo, Ana, Felipe e Morgana não usavam o cinto de segurança, ele incomodava e fadigava as crianças. Marcelo dirigia devagar, não havia para ele perigo eminente.
Já são 4:20 da matina e Diego, completamente embriagado, dirigiu-se ao carro e como se a festa não houvesse acabado acelerou pela estrada com um som estrondoso que retirava ainda mais a sua atenção do volante.
Sonolento, Marcelo subia vagarosamente a Serra das Ararás, lugar em que várias vidas haviam se perdido pela imprudência. De repente um clarão ofusca sua visão e um impacto devastador arremessa o carro para fora da pista. Era Diego, que acertara em cheio o carro da família. Duas capotagens e ferragens se retorcendo. Com a falta do cinto de segurança Ana, Morgana e Felipe não resistiram ao impacto e morreram instantaneamente, o pai em transe procurava socorrê-los. Tarde demais, estava preso às ferragens e morreu aos poucos. Valentina estava presa à cadeirinha e graças a ela sobreviveu ilesa ao acidente.
Diego foi condenado a 20 anos de prisão por crime de homicídio doloso e levou para o resto de sua vida o peso da imprudência no trânsito: quatro vidas e uma órfã.
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